quinta-feira, 22 de abril de 2010

Liberdade Feminina


A pílula anticoncepcional acaba de completar cinquenta anos. Sim, já faz quase meio século que o primeiro comprimido com função contraceptiva foi lançado em 1961 nos Estados Unidos, com o nome de Enovid.

O comprimido era composto por 150 mg de estrogênio sintético, mais 9,85 mg de uma substância derivada de progesterona: cerca de sete a dez vezes mais hormônios contidas nas pílulas atuais.

A pílula, comercializada no Brasil a partir de 1962, representou não só uma maior segurança da mulher, que até então não possuía meios para bloquear sua fertilidade natural e evitar uma gravidez indesejada.

Mais que isso, a invenção da pílula representou uma verdadeira revolução da sexualidade feminina, permitindo ao nobre ser a decisão sobre ter ou não filhos, ou então escolher o melhor momento de sua vida para engravidar. “O advento da pílula contraceptiva representou maior segurança à mulher, que passou a ter mais domínio e controle em relação à sua fertilidade”, explicou o ginecologista e obstetra Newton Santana.

De acordo com ele, hoje em dia a pílula anticoncepcional é um dos medicamentos mais vendidos em todo o mundo. Porém, nessa época nem tudo eram flores. Por conter altas doses de hormônios, as pílulas traziam consigo uma gama de efeitos colaterais às usuárias. Inclusive, a medicina chegou a condenar alguns estudos utilizados durante o processo de aprovação da droga, apontando diversos erros metodológicos.

Alguns desses efeitos variavam entre transtornos de humor até a casos de tromboembolismo. Com isso, as empresas passaram a pesquisar formas mais seguras do medicamento.

Os resultados culminaram no lançamento da segunda geração das pílulas contraceptivas, contendo taxas hormonais menores e mantendo sua eficácia, que já começava a se comprovar diante da queda nas estatísticas de natalidade.

Mas foi no início dos anos 1990 que a terceira geração dos comprimidos chegou ao mercado, oferecendo benefícios extras às mulheres, além de manter o objetivo principal: evitar a gravidez. “Hoje em dia o uso da pílula não é tão somente destinado a evitar uma gestação indesejada. Paralelamente a isso, o medicamento também age de outras formas, como, por exemplo, regulando o ciclo menstrual, diminuindo o volume da menstruação ou então fazendo com que a paciente não menstrue”, destacou Santana.

De acordo com o médico, os benefícios da pílula vão além, atingindo a esfera estética tão cultuada pelo gênero feminino e fazendo bem à pele e aos cabelos. “Existem casos onde a pílula beneficia até mesmo o tratamento da acne”, frisou Santana. Esses fatores certamente influenciaram no resultado de uma pesquisa divulgada no início da semana pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, que apontou que uma em cada três brasileiras que fazem uso da pílula anticoncepcional acredita que o método afeta de forma positiva sua vida sexual.

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